Os anjos da guarda do Metrô de São Paulo

Fundamentais na operação da companhia, 215 jovens cidadãos se dividem nas 67 estações para auxiliar deficientes físicos a embarcar e desembarcar.

Foto: Metrô CPTM
O tecladista Bruno Oliveira, de 23 anos, não precisou esperar um minuto sequer para receber o auxílio do jovem cidadão Bruno Palmerini, 17, quando chegou na Estação Tatuapé da Linha 3-Vermelha do Metrô, na última segunda-feira. Para o músico, que passa pelo ramal todos os dias e é deficiente visual, o "atendimento exclusivo" é essencial na hora de embarcar ou desembarcar de um trem.

"O trabalho deles faz com que a gente não precise pedir ajuda para qualquer pessoa. Ainda mais no Metrô, onde todo mundo está correndo, sem tempo, e não dá para saber se a gente pode confiar", relatou o tecladista, enquanto recebia o auxílio do adolescente.

O atendimento oferecido por Bruno é feito por 215 integrantes do programa Jovem Cidadão, no qual estagiários de 16 a 21 anos recebem treinamento específico para auxiliar os passageiros a embarcar e desembarcar nos vagões.

A ajuda deles também é recebida, diariamente, pelo massoterapeuta Rodrigo Alves, 34. "Só de pensar que a gente não precisa se virar sozinho no transporte público, a gente fica mais aliviado", contou ele, que também é deficiente visual.

O trabalho não muda o dia a dia apenas de quem é beneficiado pelo serviço, mas também de quem o oferece. Para Bruno, por exemplo, o primeiro emprego e o contato com muitas pessoas fez com que ele olhasse de forma diferente para a sua vida. "Agora sou mais responsável e me sinto bem ao saber que meu trabalho é ajudar o próximo."

Morador da Penha, na Zona Leste, Bruno pretende ser segurança no Metrô, mas admite que trabalhar no horário de pico e enfrentar o mau humor dos passageiros em geral é um desafio. "A gente faz amizade com os usuários, mas precisa aprender a lidar com o público, porque muitas vezes a pessoa não está em um bom dia. O importante é a gente não se estressar e tratar todo mundo bem", disse.

Esse é o mesmo lema da jovem cidadã Ariane Lima, 17, que atua na Estação Carrão, também da Linha 3-Vermelha. Para ela, o trabalho a ajudou a perder a timidez e dar mais atenção ao que o passageiro tem a dizer. "Antes eu nem ligava quando as pessoas falavam comigo. Parecia que eu me desligava do mundo, mas agora dou mais importância."

Nos sete meses de trabalho, Ariane chegou até a fazer amizade com um usuário deficiente visual. "Nós gostamos da mesma série de TV", brincou.

Centrais se comunicam para informar chegada do usuário

Um trabalho em conjunto entre as centrais do Metrô faz com que usuários como Bruno e Rodrigo não esperem sozinhos ao embarcar ou desembarcar em alguma estação.

De acordo com a companhia, para que o passageiro com alguma deficiência, ou idoso, receba o atendimento no desembarque há uma comunicação entre o CCO (Centro de Controle de Operações) e a SSO (Sala de Supervisão de Operação) da parada final do usuário.

O CCO informa à SSO da estação as informações do passageiro, ou seja, qual trem ele entrou, em qual porta estará e o sentido. Os detalhes são repassados aos jovens cidadãos, que ouvem os alto-falantes para saber o que farão. Cada estação tem sua própria SSO.

"Nas estações maiores, como o Tatuapé, por exemplo, o atendimento é muito rápido. Mas já aconteceu de esperar alguns segundos, mas não vejo problema nisso", contou o tecladista Bruno Oliveira.

Hoje, são 215 jovens cidadãos para as 67 estações nas linhas 1, 2, 3, 5 e 15 do Metrô, sendo que três delas (na Linha 5-Lilás) foram inauguradas na última quarta-feira.

O programa é para todos os jovens?

É voltado para estudantes de escola pública que querem ter sua primeira experiência no mercado de trabalho, mas também temos o lado social do programa, que é levar o jovem a ter contato com o público, em atender bem as pessoas e ser cortês.

Os jovens cidadãos passam por um tipo de treinamento?

Nos primeiros 10 dias, todos recebem um treinamento sobre o funcionamento do Metrô, sobre como o sistema metroviário funciona e também a função que vão exercer, o atendimento ao público.

E eles dão um retorno positivo a respeito do trabalho?

Eles sempre falam que foi um período de crescimento, os olhos se abriram para o mundo. E é essa dimensão que o programa quer oferecer. O Metrô quer mostrar que o mundo é maior do que aquilo que eles veem. Muitos falam que passam a ser mais responsáveis e gentis com as pessoas.

Foto: Metrô CPTM
As informações são do Diário de SP


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