Trabalhadores informais transformam trem de São Paulo em "shopping"

Queixas sobre o comércio ilegal nos trens e no metrô de São Paulo cresceram 28% desde 2016. A venda de produtos nos vagões é proibida.

Foto: Gimaine Teodoro
Por causa do desemprego, o número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou no Brasil. O comércio de ambulante nos trens e metrôs de São Paulo - que é proibido -  atraiu muita gente. O Jornal Nacional foi conhecer esse polêmico tipo de "shopping".

Para entrar, é uma disputa. Logo, o barulho dos trilhos é abafado por outros sons. Trem vazio ou lotado, as ofertas se multiplicam. Tem muito mais do que comida. O comércio a bordo ganhou até nome: shopping trem.

“Por dia dá pra tirar na média de R$ 150, R$ 200”, conta o ambulante Anderson Felipe.

As histórias ilustram os números do IBGE: 13 milhões de brasileiros estão desempregados e quase 23 milhões trabalham por conta própria.

“Trabalhava como auxiliar de limpeza. Fui demitido de lá e vim para o trem. Aí estou na luta”, diz o ambulante Carlos Eduardo.

“Se eu tiver a oportunidade de arrumar outro serviço, registrado, com certeza eu largo isso aqui e vou pra lá”, diz outro ambulante.

Karina Cardoso, de 19 anos, vende doces há dois meses. “Eu entro às 8 e às vezes saio 18h, meia-noite. Depende do dinheiro que eu faço”, conta.

A concorrência entre eles é cada vez maior. Só em uma viagem, o Jornal Nacional encontrou mais de 20 vendedores ambulantes. Eles disputam um mercado expressivo: 7,3 milhões de passageiros que circulam por dia no metrô e nos trens da Grande São Paulo.

“Eu sou a favor, é melhor do que eles estarem roubando”, opina uma senhora.

“Eu não concordo porque eles atrapalham a gente, ficam passando pra lá e pra cá, gritando”, reclama uma passageira.

De 2016 para cá, as queixas sobre o comércio ilegal nos trens e no metrô de São Paulo cresceram 28%. A venda de produtos nos vagões é proibida.

Em um momento da reportagem, os ambulantes se concentraram em um lado do trem. Eles estavam fugindo de dois homens que estavam do outro lado do vagão e que, segundo eles, eram fiscais à paisana. Os ambulantes se queixam da violência dos fiscais.

“Nada justifica a violência. O que vale mais é a orientação. O uso da energia é o último recurso, porque se a pessoa não cumpre a norma da empresa ela precisa ser conduzida para fora do sistema”, diz Sergio de Carvalho, gerente de relacionamento da CPTM.

Este ano, mais de 800 mil produtos foram apreendidos nos vagões, a maioria sem nota fiscal. A companhia de trens e o metrô lançaram uma campanha e passaram a receber denúncias pelo celular.

“O metrô, ele procura orientar o nosso usuário a não consumir esse tipo de produto até porque não se sabe a origem, a procedência, o tipo de armazenamento que é feito. Segundo porque nós necessitamos dos trens e das estações para fluxo dos passageiros”, afirma Rubens Menezes, chefe de segurança do Metrô.

As informações são do Ferroviários da Sorocabana

0 Comentario "Trabalhadores informais transformam trem de São Paulo em "shopping""

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial