As consequências da troca do nome de uma estação

A nomenclatura de uma estação metroferroviária tem a função de identificar o equipamento e a sua localização geográfica, tanto para quem reside nos arredores, quanto para aqueles que se utilizam dele.
Placa de identificação de destino da Linha 9-Esmeralda (Foto: Thiago Silva)
O nome deve levar em consideração os aspectos históricos, regionais, linguísticos, geográficos e culturais. Para tanto, é realizada uma pesquisa junto aos moradores, usuários e comunidade local para se chegar a conclusão de qual o melhor nome para aquele equipamento.
Para se chegar ao resultado final de qual o nome mais adequado, é considerado as alternativas mais votadas na pesquisa, além dos aspectos históricos, citados anteriormente. Sendo assim, após a escolha do melhor nome, o equipamento passa a ser um referencial no bairro ou na região de implantação.
Entretanto, em alguns casos, mesmo depois da consolidação do nome da estação ou equipamento, por motivação, principalmente política, a nomenclatura é alterada de forma a homenagear alguma pessoa, time de futebol ou qualquer outro motivo. Tal alteração causa transtornos aos usuários, gerando confusão e dificuldades na localização. Além disso para os cofres públicos, a troca do nome de uma estação tem um custo altíssimo, já que há a necessidade da troca de placas de identificação do local. Indo mais além, todas as placas ou letreiros que fazem referência a essa estação também precisam ser alteradas, portanto, o custo acaba sendo repassado para outras empresas. E, infelizmente, o poder público não se dá conta de como mudar o nome é caro. Veja que no histórico, muitas estações metroferroviárias tiveram seus nomes alterados:
LinhaNome antigoNome atualData da alteração
Linha 1-AzulPonte PequenaArmênia1985
Linha 2-VerdeSumaréSantuário Nossa Senhora de Fátima – Sumaré2005
Linha 1-AzulTietêPortuguesa – Tietê2006
Linha 3-VermelhaBresserBresser – Mooca2006
Linha 3-VermelhaBarra FundaPalmeiras – Barra Funda2006
Linha 10 – TurquesaSanto AndréPrefeito Celso Daniel – Santo André2007
Linha 2-VerdeImigrantesSantos – Imigrantes2008
Linha 1-AzulJardim São PauloJardim São Paulo – Ayrton Senna2011
Linha 10-TurquesaSão CaetanoSão Caetano – Prefeito Walter Braido2013
Linha 10 – TurquesaRibeirão PiresRibeirão Pires – Antônio Bespalec2014
Linha 10-TurquesaMoocaJuventus – Mooca2015
Com base na tabela acima, percebe-se que a maior incidência de alterações de nomes se deu a partir da segunda metade da década passada.
Há outras alterações em projeto, mas, felizmente, barradas no Legislativo. Vale lembrar que recentemente, o Deputado Estadual André Soares (DEM), quis homenagear um pastor, alterando o nome da Estação Vila Mariana da Linha 1-Azul. Depois de muitas reclamações e um abaixo-assinado eletrônico, a ideia não foi para frente.
Levando em conta toda essa polêmica com alteração do nome de estação, em 2016, na 22ª Edição da Feira de Tecnologia Metroferroviária da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo (AEAMESP), funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), apresentaram um trabalho mostrando o processo de escolha do nome, levantamento das placas, custo e as consequências da alteração. O trabalho está todo disponível na página da AEAMESP e é possível visualizá-lo bastando acessar este link.
No trabalho apresentado pelos funcionários da CPTM, as estações foram agrupadas em 4 tipos:
  • Estação de transferência interna;
  • Estação de transferência externa;
  • Estação terminal;
  • Demais estações.
Tal agrupamento se deu porque dependendo de qual deles a estação faça parte, o custo acaba sendo maior ou menor.
Veja que uma estação de transferência interna, ou seja, que faz conexão apenas dentro das linhas da própria empresa, o custo da troca fica restrito apenas para a CPTM.
Já uma estação de transferência externa, o custo vai para as outras empresas que se conectam com as linhas da CPTM, ou seja, Metrô e ViaQuatro.
Na estação terminal, o processo é o mais complicado, caro e demorado, já que se for trocado o nome de uma estação terminal, as estações intermediárias que possuem placas indicando o destino da linha, também precisarão ter suas placas mudadas. O custo também recai sobre o letreiro do trem, que em alguns casos, a programação só é realizada na empresa que produziu o equipamento, ou seja, há o custo do deslocamento, além do trem ficar parado até que o letreiro seja devolvido.
No caso das demais estações, o custo fica apenas no local, bastando apenas alterar o nome daquela parada.
Além disso, vale lembrar que a troca não se limita a estação. Será necessário também a troca dos mapas presentes em todas as estações, tanto o do transporte metropolitano, quanto o dos arredores, além do mapa da sanca, que é aquele mapa que fica acima da porta.
Com base nos dados apresentados no trabalho dos funcionários da CPTM, seguem os custos:
Tipo da estaçãoCusto da troca de nomenclatura
Estação de transferência interna (Guaianases)
R$675.518,23
Estação de transferência externa (Brás)R$790.854,64
Estação de terminal (Osasco)R$757.370,77
Demais estações (Franco da Rocha)R$619.867,33
Os custos acima se referem apenas ao da CPTM, ou seja, não estão incluídos os valores correspondentes ao Metrô e ViaQuatro.
Além dessas empresas, outras que fazem referência a essas estações também precisarão desembolsar algum valor para alterar suas placas ou letreiros, como, por exemplo, empresas de ônibus ou empresas de gerenciamento de trânsito.
Agora imaginem o que poderia ser feito de melhoria em uma estação da CPTM com o valor gasto na troca do nome de uma estação, que nada tem a acrescentar, a não ser homenagear alguém, que muitas vezes, não representou nada para a sociedade? Será que nossos deputados e vereadores tem noção disso?
Será que eles não se dão conta que no passado, muitas cidades e bairros se originaram a partir da implantação de estações ferroviárias e que a alteração descaracterizaria a identidade geográfica e histórica?
As informações são do plaMurb

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